terça-feira, 22 de junho de 2010
A história do programa Hip-Hop Sul
Pra começar a contar esta história temos que voltar a alguns anos antes do inicio do programa, ou seja no início da organização política do Movimento Hip-Hop Gaúcho, isto mais ou menos em 1995, onde nos reuníamos na sede do Partido dos Trabalhadores na Avenida João Pessoa em Porto Alegre, a fim de discutir projetos e atividades culturais que seriam propostas à prefeitura. As plenárias eram realizadas uma vez por semana, na época o mano Rafael da Silva havia fundado uma entidade chamada Organização Cultural Movimento Hip-Hop e era ela que nos legitimava juridicamente perante aos órgãos públicos e a sociedade. A organização era uma ferramenta importante e também nova pra nós que não entendíamos quase nada de questões burocráticas e projetos com financiamentos do poder público. As plenárias sempre lotavam e eram debatidos muitos temas e propostas muitas ações, darei destaque ao Projeto “Gás Rap Total”, uma coletânea de Rap destacando o grupo “Da Guedes”. Esta foi a 1º conquista do movimento Hip-Hop Gaúcho. A partir daquele momento, foi o boom pra cultura de rua do estado, começaram a surgir novos grupos e conseqüentemente as disputas por espaços. E foi no ano de 1998 na campanha eleitoral para governo do estado que surgiu a possibilidade de ampliarmos nossos horizontes, onde a coordenação de campanha do candidato Olívio Dutra e do atual presidente Lula nos procurou e propôs uma parceria para elegermos seus candidatos, foi nosso 1º envolvimento político a nível estadual, e apesar das incompreensões e dificuldades de organização conseguimos reunir boa parte dos ativistas onde discutimos e propomos uma carta compromisso que seria assinada pelo futuro governador Olívio Dutra em um churrasco no Parque da Harmonia (ponto de referência dos Gaúchos).
A carta era o contrato, nossa garantia, e nela foram colocadas nossas pautas, demandas e reivindicações, entre elas ocupar os espaços de cultura do estado e promover oficinas sócioeducativas na antiga FEBEM, hoje FASE. Após a carta assinada, fomos a campo, batalhamos por nosso então candidato e elegemos o cara.
Após a eleição foram mais ou menos 3 ou 4 meses de idas e voltas, muitas vezes passando por debaixo da roleta e comendo pão com banana para trincar nas reuniões e gravações de programas pilotos (programas testes) até formar a parada.
Em junho de 1999 assumimos o programa em uma gravação muito louca com a platéia lotando o estúdio e a apresentação do grupo Dinamic Rappers, e nós sem a mínima experiência em TV lá estávamos produzindo o que seria uma das maiores conquistas do Hip-Hop Nacional, imaginem o 1º programa de TV aberto do Brasil, lembro ainda que reunimos na Casa de Cultura Mario Quintana para batizar o programa “Hip-Hop Sul, nome proposto pelo mano White Jay. Na época éramos apenas MC’s de palco, Djs de eventos e dançarinos de rua, não tínhamos a menor noção do que era produzir um programa televisivo. Bem no final de semana que decidiríamos qual a equipe que assumiria o projeto ocorreu uma excursão para o litoral chamada Hip-Hop Litoral e a maioria dos grupos priorizaram este evento. E quem ficou correu pelo projeto da TV, e o primeiro grupo foi formado por Gera, Seguidor F, Rafael ,Aline, MC Pedrão, DJ Jota Pê, DJ Neso e White Jay. Nestes 10 anos, muitos manos contribuiram para o crescimento do projeto, cito dois caras que fizeram muita diferença meu camarada de luta Mano Oxi, meu parceiro das ruas Ted B.boy Loco e meu irmão nego Mauro Root’s que hoje é um dos nossos principais produtores. Pra mim foi a maior realização de minha vida, tratando-se de luta de classes (hiphop), imaginem que um moleque maluco, lá das quebradas de Alvorada, ládomeiodonada de Viamão seria apresentador de televisão, só tenho a agradecer ao patrão véio e a todos que acreditaram particularmente em mim que escrevo esta história, não foi fácil administrar a fama e manter a postura, pois a partir do momento que tu aparece na TV e milhares de pessoas te assistem, indiretamente tu influencia todo aquele público, ainda mais se falando em Hip-Hop que é uma ferramenta de luta do povo, e o mais importante representando um movimento sociocultural diante de uma instituição tão importante como a Fundação Cultural Piratini. É uma grande responsa para nós jovens guetizados e marginalizados, o Hip-Hop mudou minha vida e apesar de todas as dificuldades encaramos o projeto com seriedade e deu no que deu, pois enfim já passaram-se 10 anos e apesar de todos as adversidades e diferenças sociais e politicas este mês completaremos 11 anos no ar levando cultura, conhecimento, inclusão social e principalmente transmitindo alegria através da “Janela da Periferia, o Hip-Hop Sul”.
ZONA NORTE,ZONA LESTE,ZONA OESTE,ZONA SUL AQUI NA TVE NO AR HIP-HOP SUL!
O cidadão que hoje não participa da vida política da comunidade é um cidadão excluído!
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Um comentário:
Sinto muito orgulho de ti, White. Principalmente pelo fato de não visares conquistas individuais. Se o coletivo estiver bem, estarás feliz.
Parabéns pelos 11 anos do programa!
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