1. TROVA
Se falarmos em trova em qualquer outra região fora do Estado, ninguém terá dúvidas de que se trata da Quadra Popular ou da trova Literária.
1. QUADRA POPULAR - Forma poética escrita, constituída de 4 versos (linhas), rimados normalmente o 2º com o 4º versos. Vem desde os séculos XI e XIV, quando os poetas portugueses já imitavam a poesia provençal. O trovador desta modalidade poética expressa todo um pensamento em uma única estrofe, demonstrando o poder da síntese. Exemplo:
"O dia 10 de setembro,
Foi um dia soberano.
Em que no Seival soou,
O grito republicano."
Obs: Quadra de autor desconhecido, da época da Revolução Farroupilha.
2. TROVA LITERÁRIA - É semelhante à quadra, porém as rimas são do 1º verso com o 3º e do 2º com o 4º. O trovador literário é uma pessoa de bom nível cultural, que sabe condicionar os versos, respeitando os critérios técnicos da trova. Exemplo:
" O que restou da fazenda,
da casa grande amarela!...
Somente a placa de venda,
sobre o moirão da cancela."
Autora: Doralice Gomes da Rosa.
3. MOVIMENTO TROVADORESCO - Em todo o Brasil, é muito ativo o movimento da trova Literária. Esta movimentação se apresenta através dos inúmeros e constantes concursos de trovas. Em consequência, a produção é intensa, culminando com a publicação de livros sobre trovas por toda a parte.
4. UNIÃO BRASILEIRA DE TROVADORES - UBT - Entidade de âmbito nacional, que agremia os trovadores literários. A UBT possuí seccionais nas Capitais e estas Delegacias em muitas cidades do interior.
2. REPENTISMO
É verso improvisado na hora e cantado. É feito no repente.
1. O IMPROVISO - o cantador de improviso remonta épocas muito antigas. Segundo registros, a trova em desafios de improviso já existia em Roma , por volta do ano 1.250.
2. NO BRASIL - em todo o Brasil, o cantador popular faz parte do acervo folclórico. Como é natural, em consequência das próprias diversidades existentes entre as regiões brasileiras, eles apresentam características próprias que os distinguem.
3. NO NORDESTE - o repentista nordestino tem grande talento e capacidade de improvisar. São semi-analfabetos quanto a escolaridade e geralmente pobres financeiramente. Muito solicitados para as apresentações em festas e também em épocas de campanhas eleitorais. Normalmente se apresentam em duplas e se acompanham na viola, por isto também chamados de CANTADOR DE VIOLA.
4. NO RIO GRANDE DO SUL - o canto de improviso entre nós, é uma das mais expressivas manifestações da cultura espontânea do Rio Grande do Sul. É talvez, a forma fundamental da música regionalista do nosso estado. Para diferenciar da trova literária, recentemente adotou-se chamar de TROVA GALPONEIRA.
3. TROVA GALPONEIRA
O Trovador do Rio Grande do Sul, na parte do improviso, tem estilo próprio. Sua propagação se deu nos galpões da estâncias para a modernidade das cidades de hoje. A trova galponeira é a arte de improvisar versos em diferentes modalidades de versificação e com diferentes gêneros musicais de acompanhamento, identificadores da cultura gaúcha.
1. INÍCIO - o improviso de antigamente era em quadrinhas, ou seja de 4 versos (linhas), com rimas intercaladas ( 2º verso com o 4º). Normalmente ao som da viola de 10 ou 12 cordas. As primeiras, caracterizavam-se por apresentar melodia livre, as chamadas QUERO-MANAS, do período fandangueiro.
2. TROVA GALPONEIRA - é a denominação atribuída á toda forma de improviso no Rio Grande do Sul. Atualmente as mais conhecidas são: Trova Campeira, Trova Tira-Teima (em desuso), Trova em Milonga, Trova do Martelo, Trova Estilo Gildo de Freitas e ainda a Pajada, que também é improviso.
3. TROVA CAMPEIRA - É a trova tradicional de desafio (disputa), no Rio Grande do sul, com estrofes em sextilhas (6 versos ou linhas). Versos em redondilha maior, onde as rimas são alternadas (2º, 4º e 6º versos) e a métrica é setissilábica, isto é, versos em sete sílabas. Esta modalidade, popularizou-se a partir das comemorações do Centenário da Revolução Farroupilha em 1935. Seus primeiros grandes divulgadores foram os trovadores e gaiteiros Inácio Cardoso e Pedro Raymundo. Inácio Cardoso introduziu a sextilha (estrofe de 6 versos), que até então cantavam em quadra (4 linhas). Por ter acompanhamento de gaita com a nota musical MI MAIOR, numa ocasião Inácio Cardoso teria chamado de MI MAIOR DE GAVETÃO, sendo que também chamavam esta tradicional modalidade de TROVA CAMPEIRA. Recentemente designou-se chamar de TROVA CAMPEIRA e o gênero musical de gavetão.
4. GAVETÃO - Recentemente adotou-se chamar o gênero da Trova Campeira de GAVETÃO, por estar a melodia entre o chote e a toada.
5. TEMA - Por volta de 1956 surgiu o TEMA nas trovas de disputa, para evitar a repetição de velhos chavões, bem como para testar o conhecimento dos trovadores.
6. TROVA TIRA-TEIMA - Modalidade atualmente em desuso. A melodia difere um pouco do GAVETÃO e não há intervalo musical entre um cantador e outro. A parte poética é a mesma da trova campeira.
7. TROVA EM MILONGA - O trovador improvisa em ritmo de milonga. Normalmente é utilizada em apresentações individuais e não de disputa. As estrofes não tem um número padrão de versos, estes em redondilha maior.
8. TROVA DE MARTELO - Versos em redondilha maior, com rimas alternadas. A música é vaneira e marcha, com início em Mi Maior. A característica é a rima interestrófica, o concorrente completa a rima do outro. Esta modalidade teria surgido por volta de 1955.
9. TROVA ESTILO GILDO DE FREITAS - Os trovadores improvisam em cima da música DEFINIÇÃO DO GRITO, de Gildo de Freitas. Estrofes de 9 versos em redondilha maior, com rima no 2º, 4º, 6º e 9º versos e 7º e 8º entre si.
10. PAJADA - Improviso assemelhado à Trova em Milonga. O canto é lento, próximo à uma declamação, com estrofes de 10 versos. Modalidade com poucos adeptos.
4. TROVA ORGANIZADA
Em 1956 era fundada em Caxias do Sul - RS, a primeira entidade agremiadora dos vates do improviso. Esteve em atividade até 1964. A partir de 1983 inicia-se um novo ciclo associativo, com a fundação de diversas entidades até hoje, sendo que a maioria não subsistiu.
5. FESTIVAIS DE TROVA
A partir da divulgação da trova pelas emissoras de rádio, começaram a existir os concursos ou rodeios, com grandes disputas. A modalidade era a tradicional Trova Campeira. Estes concursos criaram força e propagação, através dos rodeios artísticos e campeiros promovidos pelas entidades tradicionalistas.
1. FESTIVAIS - Com o surgimento do MI MAIOR DE GAVETÃO em 1984 na cidade de Sapucaia do Sul, tem início o ciclo dos Festivais de Trovas. A partir daí, se proliferaram pelo interior do estado. São eventos específicos de trova, com as modalidades: Trova Campeira, Trova do Martelo, e mais recentemente, Trova Estilo GILDO DE FREITAS.
6. REGISTROS HISTÓRICOS
7. TROVADOR MAIS POPULAR - Pedro Muniz Fagundes, conhecido com PEDRO CANGA, da época da Revolução Farroupilha.
8. TROVADOR MAIS FAMOSO - Leovegildo José de Freitas, o grande Gildo de Freitas.
9. TROVADORA MAIS FAMOSA - Doralice Gomes da Rosa, da época do auge da trova no rádio.
10. TROVADORA MAIS IDOSA - Bráulia Vasquez, também tocava gaita de botão. Estava com 82 anos de idade, em 1984 quando foi catalogada pelo IGTF, em Quaraí-RS.
11. MAIS IMPORTANTE CONCURSO - do Rodeio Internacional da Vacaria.
12. MAIS IMPORTANTE FESTIVAL - Mi Maior de Gavetão, de Sapucaia do Sul - RS, criado em 1984 por Derly Silva.
13. PRIMEIRA ENTIDADE - Agremiadora de Trovadores. Associaão de trovadores de Caxias do Sul, fundada em 14.12.56, por iniciativa do trovador CHERENGA.
14. PRIMEIRA ENTIDADE FORA DO ESTADO - Associação de Trovadores e Declamadores do Paraná, fundada em Curitiba a 20.07.90, por iniciativa do trovador Darci Soares.
15. TRABALHO PIONEIRO SOBRE TROVA - O Trovador ou Repentista Gaúcho, estudo de Janeiro de 1981, autoria de J. C. Paixão Côrtes e Dimas Noguez Costa.
16. TRABALHO PIONEIRO SOBRE TROVADORES - Herança de Trovador, livro compilado por Paulo Roberto de Fraga Cirne, editado em setembro de 1982.
17. EVENTO CULTURAL MAIS IMPORTANTE - 1º Congresso Estadual da Trova Galponeira, realizado de 19 a 21 de fevereiro de 1999 em Sapucaia do Sul-RS.
FONTE:Página do Gaúcho.
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